Dentro de mim




Aqui em mim, eu te amo
Longe das rasuras do tempo,
Além de qualquer engano.

Aqui em mim, te possuo
Como pássaro alçando voo
Mas regressando num só destino.

Forma nenhuma
Contornaria o abstrato do seu âmago
Como os dedos que lhe circundam a face
Tampouco se estremeceriam teus lábios
Encharcados com o pecado fugaz 

Aqui em mim, te crio
Com o esmero de tocar
O impossível

Te invento nos dias difíceis
E não me esqueço
De amar teus calores findos.

Aqui em mim, te rendo
Como presa mansa,
Faço verter o encanto das suas lembranças.


Tainá Manzoli 01/08/2013

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Novo dia



Acordaram-se os pássaros
Pulando de galho em galho
Gorjeando alto, anunciando a manhã
De um belo sábado.

A senhora posta na janela
Chorava ao ver um retrato,
O viajante com cara de estrangeiro
Contemplava a flor brilhando no asfalto.

Milhares de olhares atentos,
Milhares de desprezos ao vento
Milhares de coisas deixadas de canto
Para se fazer enquanto há tempo.

Os sons frenéticos são comuns
Carros atropelando pessoas inocentes
O pão de cada dia, se esmaga
Na correria do homem delinquente.

Saudações, abraços, beijos
Os afetos se perdem no tempo extremo
O anil do céu, morre entre os dedos
Do cavaleiro que busca seu teto


Milhares de bocas que nada dizem,
Milhares de cores que não formam arco-íris
Milhares de sensações agridoces
Que se unificam em um novo dia.

Tainá Manzoli 30/07/2013

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Para ser perfeito



Deita no meu peito e se entrega
De qualquer jeito, prometo fazer perfeito
O amor que nos devora.

Deita com seu olhar de vitória,
Esqueça as horas lá fora
E prometa se demorar.

Ninguém jamais fará do sol
A luz fervente sobre os lençóis,
Ninguém jamais acenderá o brilho
E iluminará a estrada como dois faróis.

Deita com o cansaço sobre meu corpo
Transforme o silêncio
Em sons que se propaguem pouco a pouco.

Deita sobre minhas lágrimas
Que almejam teu sorriso,
Teu contato traduz teu instinto imprevisível.

Ninguém jamais saberá que o raio
Do seu olhar, invadiu o instante
Para ser perfeito, basta ter no peito
A imagem que torna cativante. 

                   Tainá Manzoli  29/07/2013

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Não ria



Se eu andar por aí distraída, não ria de mim quando tropeçar em uma pedra e cair. Se de repente, esmagar uma rosa estendida sobre o asfalto, não ajudar um idoso a atravessar a faixa de pedestre, ou não ver que estou com meias diferentes, somente não ria de mim. Se estiver distraída, com a cabeça ao vento, sem conclusões e palavras, acredite, nada é por acaso. Me esqueci de prestar atenção no mundo porque vi teu olhar iluminando o meu coração, teu sorriso feito água cristalina em dia de verão… Me distraí contando as estrelas do teu céu e, imaginando-as em minha constelação. Me distraí te querendo tão bem, e até esqueci se tu me queres também… 


 Tainá Manzoli  10/07/13

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Por você...




Por você, eu seria um cão de caça…
Desbravaria horizontes apenas para saciar tua fome.

Por você, seria uma estrela cadente…
Apareceria no céu sempre que quisesse fazer um pedido importante.

Por você,  seria o amor…
Inspiraria-te nos dias difíceis, para trazer versos num papel qualquer.

Por você, seria a noite…
Apenas para banhar teu corpo de escuridão, e luz vinda da lua.

Por você,  seria o tempo…
Atrasaria teu relógio sempre que estivesse em um momento feliz, para que este se prolongasse.

Por você, eu seria a morte…
Para dar-te uma vida eterna.
Seria o inferno…
Para você ser o paraíso.
Seria o fim…
Para você acreditar no principio.


                                                             Tainá Manzoli  03/07/2013

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Teu amor



Sacia-me com a tua calma,
Dá-me o cheiro de relva molhada…
Adapta-me a tua alma,
Pois assim, sabereis cultivar teu amor.

Ensina-me o valor dos olhares ao vento,
Faz-me cativar os beijos que por muito tempo espero
Só então, caberás a mim, apreciar o brilho
Da membrana delicada que envolve teu corpo.

Explica-me o poder da inteligência,
As palavras que transformam silêncios em urgências
Diga pausadamente, que o mundo não cabe ao pensar
Mas que ele se rende quando tudo num progresso vira paz.

Mostra-me que com sutiliza posso te conquistar,
E numa noite, contemplar o íngreme dos teus sonhos.
Dilacera-me se for preciso, arranca minhas lágrimas doídas
Mas diz, sussurra no meu coração que o teu amor cabe a mim…

Quero-te acolher na palma da mão,
E cuidar para que esta paixão não se perca
E nem morra como as ondas do mar, na areia…

Tainá Manzoli. 17/04/2013

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Uma confusão chamada: Ser humano.


   ~

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Para cada ser, um céu diferente, novas estrelas, falsas companhias. Para cada centímetro do corpo humano, a verdade incontestável, o trovão na madrugada, o medo. De que são feitos os dias felizes, senão puro contentamento sobre a vida? E a vitória, uma muralha escalada passo a passo? Sabemos que as circunstâncias são diversas.
   Cada pessoa possui uma luz dentro do peito. Talvez fraca mas muito resistente a escuridão. Um dom valente, atraente dentre todos os fatos exatos… Uma certa impontualidade, fervor, mistério, paixão.
   A cada ser novas cores, palavras dissimuladas e razão. É certo que há grande imaginação e um triste desencanto chamado: solidão.
   As noites se fundem no comportamento das pessoas. Grande festa, mas, e depois? Depois, cada curva em seu desenho abstrato, cada cheiro dentro do frasco.
   Ao final, uma grande questão, onde se encontram os sonhos na vasta imensidão? Estes que se sonham brevemente, com tranquilidade e perspectiva novamente.
   Ah… a gente sabe muito bem. Preciso comentar?
Tainá Manzoli. 10/01/2013 

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Fácil morrer de amor.


É fácil morrer de amor, chorar lágrimas frias por toda a parte. É fácil sentir o ódio apoderar o corpo quando um “não” é dado, quando o cheiro ainda presente nos lençóis serve apenas de recordação. Rápido e prático morrer de amor. Todas as noites sangrando um passado vivo, um tempo que transbordou qualquer expectativa errônea. As mesmas vozes que atormentam a cabeça, que arrasam o coração, que dilaceram o ego, ainda, humilham a alma… Simplesmente como um dia após o outro, uma noite estrelada, uma palavra piega. 
É fácil morrer de amor quando o outro vai embora, sai pela porta e não volta. Quando o melhor sorriso do mundo é substituído pelo pior vazio. O pior sentido, as piores sensações. Não há nada horrível como a falta daquele olhar, o medo de perder as únicas razões da existência. O filme de romance, a música, a tarde, o jeito, o abraço cansado… O vilão, a mocinha, o semblante que fascina…
É fácil quando a luz se esconde e a escuridão toma posse, quando não existem mais soluções breves e pássaros gorjeando na janela. Fácil morrer de amor, se atirar do décimo andar, torturar ao corpo, fingir um contentamento. Fácil afogar o sentimento na lama, no egoísmo, no prazer de ser só, ser nó na garganta. 
Fácil morrer de amor… Difícil é viver dele. 
Viver como um anjo flutuante sobre as nuvens… Com a paz em perfeito estado… Com a alegria fiel, verdadeira… 
Isso sim é difícil. Morrer por amor é fácil, viver dele, não.
Tainá Manzoli. 04/01/2013

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Ser só.


Antes de ser solidão
A gente até pensa em viver na multidão.
Até tenta, mas fracassa, porque no fundo
O coração não se dilui na exatidão do mundo.
Antes de ser só
A gente entende que há o lado ruim…
Não há um conjunto de sorrisos, porém existe sim
O silêncio que compõe as mais belas melodias. 
Antes de tudo, compreendemos que 
Para ser único é preciso ser sozinho. 
Sozinho do mal que atraí, do sangue que omiti,
Das palavras que tornam as coisas infiéis. 
É preciso ser só para ser o inteiro original.
A originalidade do olhar, do sentir, do transparecer…
Um alguém mais que humano. 
Tainá Manzoli. 04/01/2013 

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Poeta bom.


Poeta bom escreve contemplando o vento,
Sem pretensão alguma de agradar ou não o público alvo.
Poeta bom faz da morte um sinônimo de rima,
Do entardecer, um esplêndido canto aos ouvidos.
Não se contenta com um, dois, três poemas
Porque, o sentimento transbordante não cabe num livro,
Não se julga através de sílabas alvoraçadas.
Poeta bom sabe a hora de parar
Mas não para, até que de si mesmo sobre somente a carcaça 
E dos outros, o respeito à sua obra ainda escassa.
Ele crê no poder do silêncio e transforma o momento
Em registro.
Registra o som das maças maduras em decadência…
Faz do confuso sua própria existência.
Poeta bom não leva nada quando morre,
Mas tem sobre a cabeça, o próprio céu de estrelas que edificou…
Tainá Manzoli. 18/12/2012

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Mundo mudo.


Mundo mudo não recria,
Não diz mais que um silêncio absurdo.
Mundo mudo se afunda no obscuro,
Se contenta com o inadmissível.
Muda você.
Grita você.
O barulho de cada ser, faz o eco do futuro…
- Tainá Manzoli. 15/12/2012

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O mundo em nada mudou.


Como se fosse a primeira vez,
A primeira vida, o primeiro estrangeiro
O mundo, exatamente igual
Não se recria em meio aos mesmos tons.
Quem dirá que o céu a nos banhar
Não pode ser cor de acerola? 
E a terra, esfarelada, porque não
Cor de abóbora?
O giro orbital se transformou num 
Relógio parado, quebrado.
Sem noites estreladas à se admirar
E, dias calorosos à se derreter. 
Como se fosse a primeira palavra,
O primeiro sentimento, a nova teoria, 
O pioneiro em artes marciais, a flor desabrochando no jardim…
O mundo esquecido, regrediu. 
Para onde foram as juras de um amanhã diferente?
E a paz, que ainda não entrou pela porta?
Claro, aqui está, no mais profundo esquecimento
Do passado sem futuro.
O pior, é lembrar
“Só fechei os olhos por um segundo.”
Porque tanto sofrimento na palma da mão?
Onde? Cadê o nosso mundo?
… Mudo. Criado-mudo enguiçado…
Tainá Manzoli. 15/12/2012

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Tô pensando em você.


Tô pensando em você
Vê se acorda pra ver,
Olhar a noite e perceber que cada estrela do céu
Têm um pouco do meu amor à ti. 
Espanta-me que tamanho sentimento
Caiba numa rima dum poema.
Mas, seria fácil, comparar teus lindos lábios
Ao brilho da lua que descansa em paz.
Tô pensando em você
Como a última flor do deserto,
À mais bela caravana de rosas num mar inefável de paixão.
Amor, sublime amor que chega às alturas…
Que faz-me relar a ponta dos dedos nas nuvens.
Acaricio o desejo, mal podes saber que 
Dentre todas as melodias, a sua é a mais doce. 
Um misto entre abismo e salvação.
Que mal há em ter a pessoa mais bonita
Na ponta do coração?
Tô pensando em você,
Vê se não tarda pra crer.
Fecharam-se as portas das casas
Mas a minha, nunca pra você.
Vem, o amor não espera,
A saudade é que aperta…
Vem, antes que aqui, eu morra, na espera
Embrulhada de solidão… no frio da guerra.
Tô pensando em você,
Sabe porquê?
Para pra ver… 
  Tainá Manzoli. 14/12/2012

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O sonho se faz (nos faz) mais humano.


A cada passo, uma nova etapa
Um novo sentido, um invencível desejo.
A cada realização, um mar de alegrias e
Um céu de estrelas que ainda está por ser descoberto.
De sonhos são feitos os dias tristonhos,
Os dias ensolarados, as noites de inverno.
São feitos com afeto e um ego de elegância,
Um pingo de imaginação e poder.
Dias que vencem, tempos que passam,
O pensamento ao fim de tarde se faz previsível.
Com olhos de cobiça e humildade, a mente diz o que
A boca nunca teria coragem.
“Ser rico no futuro…
Ter um amor entre tudo…
Conquistar um espaço…
Crescer a cada passo.”
Sonhos que vão além
Da raça, do medo, do cabelo vermelho.
Sonhos que se fazem mais humanos a cada conquista…
Sonhos que nos fazem mais humanos.
Um mar perdido, onde talvez a única escolha seja:
Se atirar e sentir o mistério penetrando na alma.
Um misto entre esboçar a ambição hoje
E apresentar a obra prima amanhã.
Bons sonhos são aqueles que não morrem de manhã…
Aqueles que constroem seus próprios alicerces diante da realidade.
Estes sim brilham na escuridão…
Tainá Manzoli. 12/12/12 

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É povo!


Gravuras coladas na agenda,
Palavras que nunca sustentam,
Atos comparados a lendas,
Amantes sempre desprezados. 
Cabelos emaranhados, esvoaçantes,
Xícaras de marca espanhola.
Cores dum quadro qualquer,
Músicas extraordinárias.
Amanhecer, sol, dizer,
Enroscar-se num anzol.
Cair, desistir, anoitecer,
Morrer sem fazer valer a pena.
São histórias passadas,
Ventos frios e quentes,
Olhares valentes,
Ferro a brasa.
 
Terremotos no Japão,
Homem sem direção,
Peixe em extinção,
Casaco na promoção.
Verde, amarelo, azul,
Bandeira do Brasil,
Chapéu de bambu.
Tambor, sanfona,
Mês, dia das crianças.
São histórias inventadas,
Emoções que desgraçam a pátria.
É novembro, dezembro,
Preto no branco,
É povo num balaio de gato.
Grito, sangue, penico,
Ontem, cinema, amigo.
Guitarra, harmonia, folclore,
Paixão esnobe, saída de emergência.
É multidão, ego a ego,
Sorvete de morango, um milhão no banco.
Verdade, raça, moradia, paz,
Estrela-cadente, janela, cais.
É povo com povo,
Dente por dente,
É chorando, é contente.
É você, eu, Julieta e Romeu,
Pão, futuro e adeus.
Mundo na mão,
Leite com mamão,
Cotidiano, laço,
É muito abraço,
Muito celular de ultima geração.
São histórias vividas…
Um bilhão de despedidas…
Tapa com beijo,
Desejo.
É povo na televisão…
Na esquina, no momento errado.
É povo, pois povo move o morro,
A mente e o mundo! 
[povo bobo]
Tainá Manzoli. 07/12/2012

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Mas não tem problema, a gente aprende.


Em sigilo recicla as próprias ações,
Detêm passos desnecessários.
Para, procura, entende que, se agir com leveza
Propriamente será um pássaro.
Óh, moça dos olhos caídos,
Mal podes saber de todos os requisitos
Até o momento breve, entre abrir as assas
E alçar vôo.  
Mas, não tem problema.
Antes, banhada por aprendizado
Do que, vontade de ser quem nunca foi.
Plantando flores para receber o buquê no futuro.
Em sintonia com os movimentos das ondas,
Tudo cabe, diante da esperança viva.
São sorrisos inventados numa dor incontrolável,
Forças, sonhos que jamais apodrecerão.
Óh, moça perdida dentre frascos de perfumes,
Se possível, teu coração seria joia rara.
Porque, na escuridão de onde se ergues todos os dias
A alegria maior que pode ter é saber
Que pássaro teu “eu” sempre foi.
Mas, não tem problema.
Algum dia a gente aprende a olhar por si mesmo
E então perceber que tudo já nasce no sangue…
E o sangue pulsa…
Pulsa… 
Tainá Manzoli. 06/12/2012 


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Despedida.


Sendo frio como a noite que se erguia,
Talvez o olhar ainda estivesse ali
Parado, cativando os últimos segundos. 
Era tarde, nada haveria de mudar seu destino…
Nem frases de consolo ou pensamentos de um reencontro.
Dizíamos, com voz pouca, o quão foram bons 
As brigas de outrora.
Por vezes atingindo o ponto alto da raiva,
Mas, sem pretensão de mágoas.
Tudo o que entrava aos ouvidos
Saia como forma de carinho.
Triste, diríamos. 
E quanto as palavras que nunca saíram da boca?
Dos silêncios em frases ocultas?
Do obrigado jamais dito?
O mel, se derramando ao chão, hoje se faz amargo
Penetrado no coração.
Sobre nós, nada além do céu
E, a imensidão, profunda como saudade. 
Sobre tudo, somente a dor de perder um pedaço de algo essencial
Como a arte da vida que se manifesta ao longe.
Ainda que sendo em vão, um dia saberemos a verdade dos fatos.
Desta despedida consumada, deste abraço mal consolado,
Da lágrima caída, caro amigo constato:
Que eterno seja o tempo breve à um futuro próximo. 
Dentro de nós, o afeto
Concreto como dias e noites.
E entre tudo, o amanhã segue…
E segue, mesmo com partes estilhaçadas… 
Tainá Manzoli em homenagem a um grande amigo. 04/12/2012

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Você.


Você faz um poema com dores vizinhas
Sem saber se aquilo era dilema ou gracinha…
Você faz guerra onde há paz,
Mesmo sabendo que depois julgada serás…
Você entende o que crê, vê e sente
Porém não se rende a todos os outros opostos…
Você, caçando uma presa antes do tempo
Se faz mais valente que muito sargente.
Mas, como conviver com tal sujeito
Que se joga no mundo sem medo?
Você, ri como o colorir do mar
Exalando ondas prontas a esmagar.
Não há nada comparável ao singelo brilho
Dos olhos que seguem sem destino.
Você, sem jeitos aceitáveis
Não espera sentada.
Mas, quem pode contra tu
Senão o azul do canto indizível?
Seu corpo faz sombra no muro
E ao mesmo tempo, sendo teus sentimentos 
Tão obscuros, é impossível negar:
Uma bela sempre posta, vale mais que muita aposta de mil reais. 
Tainá Manzoli. 30/11/2012

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Esquecemos a ordem dos fatos.


Estávamos tão certos
Sobre o véu envolvendo a mente
Que, esquecemos de pensar com a própria liberdade.
Estávamos cientes mas pouco contentes
Com o fato de saber tudo.
Ciência, religião,
Moda, furacão,
Filme, tempo e desilusão.
Brega, música, reggae,
Vaga-lume, flor, pastor,
Calor, moribundo,
Sangue, mosquito, valente,
Estrela-cadente e dente. 
Tão superiores ao nada que se escondia na mesada,
No fundo da carteira, na roupa rasgada,
No piso, no mito, no ficcional. Na paz,
No homem, na pátria sem honra.
Estávamos certos sobre o céu,
O pássaro, o papel, o quadro de Van Gogh,
A rima de Cecília, o pão da padaria,
O doce, the end,
O perfume de jasmim, que
Esquecemos das coisas que nunca são.
As rosas que nunca chegaram,
Os beijos nunca dados.
As melodias sob a janela,
Os dias alegrados.
Os sorrisos pausados sem play, sem recomeço.
Nós, crendo no além
No amanhã, na paz de alguém,
E apagando do passado a derrota.
Estávamos tão certos sobre nós mesmos
Que a face desconheceu-se ao espelho.
Ah… estas coisas vindas da imaginação,
Que nunca são.
Esquecemos do real tempo,
Sempre avante e além. 
Porém, além de quem? 
Do quê? Pra quem?
… Pra nada e ninguém. 
    Forever, meu bem. 
Tainá Manzoli. 27/11/2012

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Robô de lata.



Sentia-se em decadência 
Por não ter borboletas no estômago.
E não ter calores no inverno…
Vergonhas como criança.
Sentia-se como um Deus 
Num mundo descrente
À beira dum valente herói 
Que não compensou a fama.
Um relógio que sequer atrasou
Por saudades de alguém.
Uma paz que veio a falência
Antes de conquistar efêmeras guerras.
Sacudia-se, beliscava-se, 
Retomava ao sono novamente.
Pensava que se dormisse mais um pouco
Contanto as estrelas do céu
Acordaria renovado, sensível ao mundo.
Mas não. 
Sentia-se preso num eterno labirinto
Gritando por horas intermináveis.
Engolia o gelo da alma,
Mesmo tendo pouca calma.
O amanhã nunca floresceu a seus olhos. 
Quis ser mais humano, 
Com dores de humanos, pensamentos de humanos, 
Sentimentos de humanos, palavras de humanos, 
Felicidades de humanos…
Porém, nunca conseguiu derramar uma lágrima como tal. 
As vezes, a pele estremecia como quando em contato com a poesia
Porém, desconsoladamente descobria que era apenas o vento da noite.
Entre tantos apelos 
Nunca conseguiu amar como um homem.
E sofreu, sofreu, sofreu…
Sendo este, portanto, um bom começo.
O amanhã nunca veio. Mas, as lágrimas sim.
Um bom começo a uma vida mortal. 
Sim.
Tainá Manzoli. 22/11/2012 


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