Archive for novembro 2012

Você.


Você faz um poema com dores vizinhas
Sem saber se aquilo era dilema ou gracinha…
Você faz guerra onde há paz,
Mesmo sabendo que depois julgada serás…
Você entende o que crê, vê e sente
Porém não se rende a todos os outros opostos…
Você, caçando uma presa antes do tempo
Se faz mais valente que muito sargente.
Mas, como conviver com tal sujeito
Que se joga no mundo sem medo?
Você, ri como o colorir do mar
Exalando ondas prontas a esmagar.
Não há nada comparável ao singelo brilho
Dos olhos que seguem sem destino.
Você, sem jeitos aceitáveis
Não espera sentada.
Mas, quem pode contra tu
Senão o azul do canto indizível?
Seu corpo faz sombra no muro
E ao mesmo tempo, sendo teus sentimentos 
Tão obscuros, é impossível negar:
Uma bela sempre posta, vale mais que muita aposta de mil reais. 
Tainá Manzoli. 30/11/2012

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Esquecemos a ordem dos fatos.


Estávamos tão certos
Sobre o véu envolvendo a mente
Que, esquecemos de pensar com a própria liberdade.
Estávamos cientes mas pouco contentes
Com o fato de saber tudo.
Ciência, religião,
Moda, furacão,
Filme, tempo e desilusão.
Brega, música, reggae,
Vaga-lume, flor, pastor,
Calor, moribundo,
Sangue, mosquito, valente,
Estrela-cadente e dente. 
Tão superiores ao nada que se escondia na mesada,
No fundo da carteira, na roupa rasgada,
No piso, no mito, no ficcional. Na paz,
No homem, na pátria sem honra.
Estávamos certos sobre o céu,
O pássaro, o papel, o quadro de Van Gogh,
A rima de Cecília, o pão da padaria,
O doce, the end,
O perfume de jasmim, que
Esquecemos das coisas que nunca são.
As rosas que nunca chegaram,
Os beijos nunca dados.
As melodias sob a janela,
Os dias alegrados.
Os sorrisos pausados sem play, sem recomeço.
Nós, crendo no além
No amanhã, na paz de alguém,
E apagando do passado a derrota.
Estávamos tão certos sobre nós mesmos
Que a face desconheceu-se ao espelho.
Ah… estas coisas vindas da imaginação,
Que nunca são.
Esquecemos do real tempo,
Sempre avante e além. 
Porém, além de quem? 
Do quê? Pra quem?
… Pra nada e ninguém. 
    Forever, meu bem. 
Tainá Manzoli. 27/11/2012

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Robô de lata.



Sentia-se em decadência 
Por não ter borboletas no estômago.
E não ter calores no inverno…
Vergonhas como criança.
Sentia-se como um Deus 
Num mundo descrente
À beira dum valente herói 
Que não compensou a fama.
Um relógio que sequer atrasou
Por saudades de alguém.
Uma paz que veio a falência
Antes de conquistar efêmeras guerras.
Sacudia-se, beliscava-se, 
Retomava ao sono novamente.
Pensava que se dormisse mais um pouco
Contanto as estrelas do céu
Acordaria renovado, sensível ao mundo.
Mas não. 
Sentia-se preso num eterno labirinto
Gritando por horas intermináveis.
Engolia o gelo da alma,
Mesmo tendo pouca calma.
O amanhã nunca floresceu a seus olhos. 
Quis ser mais humano, 
Com dores de humanos, pensamentos de humanos, 
Sentimentos de humanos, palavras de humanos, 
Felicidades de humanos…
Porém, nunca conseguiu derramar uma lágrima como tal. 
As vezes, a pele estremecia como quando em contato com a poesia
Porém, desconsoladamente descobria que era apenas o vento da noite.
Entre tantos apelos 
Nunca conseguiu amar como um homem.
E sofreu, sofreu, sofreu…
Sendo este, portanto, um bom começo.
O amanhã nunca veio. Mas, as lágrimas sim.
Um bom começo a uma vida mortal. 
Sim.
Tainá Manzoli. 22/11/2012 


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Uma guerra em vinte e três minutos.


Vinte e três minutos,
Estamos falando de exatos vinte e três minutos.
Por onde começar para desvendar 
As faces dum mundo mais justo?
Como alcançar o alto da montanha
Sem asas pra voar?
O tempo curto se faz de surdo.
O barulho constante não se rebaixa à paz,
Não se vende e não se troca ao amor.
O instante sereno vai de longe
Espiando a tensão do momento. 
Vinte e três minutos,
Seis mortes por segundo,
Cem olhares de espanto
No fundo da vila.
Por que abaixar-se no solo
Se o veneno escorre por onde pisas?
Como sentir o vento entrando no pano
Se as roupas estão em decomposição?
Mas, o céu é pouco
O além já não contém estrelas cadentes.
O pedido dum abrigo foi-se embora
No brilho da criança que chora.
São vinte e três minutos,
Acabando com a imagem da nação.
As armas que hoje lutam
Amanhã apodrecem na imaginação.
“Meu filho aqui estivera,
Brigando de primavera à primavera,
Crendo na liberdade dos homens
No anil da bandeira do Brasil.”
Mas o riacho 
Morto na desgraça
Insiste em padecer
Sobre o solo infértil.
Foram corações ao alto,
Sentimentos deixados
Sobre esperanças fiéis.
Foram lutadores, heróis de cinema
Que ganharam a batalha de sangue à sangue.
Vinte e três minutos
E, nada mais.
Brasil, estampado entre as feições de todos…
Óh, pátria tão amada!

Tainá Manzoli. 15/11/2012

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Desta vez o culpado sou eu.



Desta vez você senta,
Observa o vento que pensa graciosamente.
Agora é tarde, mas teus lábios rachados
Ainda têm o dom de amedrontar.
Nada se encaixa ao brilho das estrelas,
Nada se compara à grandeza da natureza.
O eco distante, volta como flecha ardente
E para na ponta do coração.
Desta vez você grita baixinho
Como se a saudade fosse o destino.
Uma voz fina e rouca se exala
Perdendo-se na imensidão do nada.
A lua em sua eterna fuga não mima 
Os pássaros lá de cima.
Entre tons de árvores e flores 
Os sussurros se fazem breves
Chagando ao ouvido como preces.
Desta vez, você destemida
Derrama sobre o vestido uma lágrima.
Meus braços alvoraçados tendem a agarrar-te
Mas novamente, o desejo se torna vasto num abraço perdido.
Depois, teus olhos cintilantes como diamantes
Se revoltam para mim.
Já que nada fiz 
Nada poderei fazer.
Deixei ao som do desapontamento
A sombra dum amor de verão.
Desta vez, o culpado sou eu
Enquanto o riacho destemido deságua
Na boca dum adeus. 
Tainá Manzoli. 14/11/2012

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Doce.


É doce quando o mar
Vai além do papel de crepom,
Sendo admirado por olhares
De leste a oeste.
É doce quando a noite baixa
Trazendo faces nunca vistas.
As estrelas felinas
Sempre à espera, realçam eternidades perdidas.
E os anjos riem, os céus alegram-se com arco-íris.
É certo que talvez o amargo escorra por um sorriso
Se apodere na lágrima mais ardida.
É certo que a vida não regride partidas
Porém, a partida se faz de saudade na emoção de um reencontro.
E os ventos cheiram à amor, têm nas mangas as cartas da charada.
É doce depois que o açoite não procura novos corpos,
Depois que o tempo mostra quem é o dono da sorte.
É doce, porque no final se morre
Como se tudo não passasse de um barco à deriva
Vagando na imensidão constante da sobrevivência.
E os segundos se esgotam, acompanhando novas eras que entram pela porta.
Agora a velhice enche a alma
Na mais profunda juventude que segue. 
Somos o doce da ausência, da vela que se apaga na noite escura.
Tainá Manzoli. 13/11/2012

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Humilhar.


Pisa no pão,
na roupa em que vestes,
no amor que prevalece.
Pisa na razão,
no homem da esquina,
no quadro de retalho.
Pisa, esmaga a flor
a areia movediça,
o pente da penteadeira,
a paz da menina.
Rasga, dilacera, culpa, machuca
Mas depois não espere o perdão.
E, neste mundo, como sobreviver
com a culpa transbordando ao chão?
Pássaro preso não canta…  
desencanta,
morre na própria pulsação.  
Tainá Manzoli. 09/11/2012

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Versos de bolso.


E quando falo de amor
Não sei se sinto ou se omito. 
Porque o sentimento é tão infinito
Que sufoca…

Tainá Manzoli. 09/11/2012

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Amor.


O amor está no quarto
jogado sobre o retrato
da mulher de cabelos negros.
Independente se diz algo ou não,
com toda certeza, traz algo de bom
pro coração. 
Porque, amor que vem doce
chega aos lábios feito mel,
proporcionando feitiço e um misto de sutilidade e ardência. 
Feliz daquele que possui paz
e um sentimento tão bem feito nos ombros, pois
o amor está na impontualidade do destino
acima de tudo, entre uma voz e um olhar.
Tainá Manzoli. 09/11/2012

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Depois de tanto, ainda sou desencanto.


Jogo-me sobre traços de um furacão, pois não há nada a ser dito. Sento-me numa poça de lágrimas sem dono, como um cão a procura de água.
Depois de tanto desafeto, o que há além do mar, senão as ondas que não atingem a visão? O que há, depois da música que não forma mais canção? Bem, não há coisa alguma.
O lar, na rua desconhecida, não abriga mais corpos imundos. O bar, na esquina, não retrata mais a vida dum moribundo. Tantas fotografias jogadas ao vento, com um sentimento estampado. Tantas esperanças que hoje, observando bem, falharam.
O olhar da moça na janela nunca veio. O amor de verão jamais deixou seus rastros na porta de entrada. Somente o pecado, a solidão, a insatisfação e o remorso voltaram ao ponto de chegada. Sabemos que borboletas gostam de jardins bens cultivados, portanto, talvez tudo o que exista dentro de mim seja tristeza.
O sol, nunca mais foi o mesmo. O ar nunca mais entrou pelas narinas lavando a alma. Os pés se cansaram e eu tirei os sapatos um pouco.
Sentei às margens dum reflexo desconhecido. Apreciei o luar estremecedor.
Após tanto tempo, digo, que talvez não exista amor. 
O navio de papel naufragou num copo d’água. A paz caiu da nuvem. A porta enguiçou sem jeito… 
Não há nada a ser cultivado. O problema morreu de velho, num mesmo verso desleixado. 
… Ainda assim, chorei. 
E chorei sendo menino.
E chorei sendo somente um grão de areia…
Uma desculpa na hora errada.
Pois só era isso. Eu era abismo e mais nada. 
Mais nada.
Mas, nada.
 
… E nunca fui.
Mesmo que por horas, me sentindo
Grandioso como o mundo.
Me sentindo esperto para abraçar o incerto.
E eu nunca fui nada.
Só mágoa. E como dói.
Tainá Manzoli. 06/11/2012

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Uma chuva não é chuva, até que lhe digam que é uma.


Um furacão não significa nada,
Desde o momento em que alguém diz:
“Que pena… destruiu nossa casa”. 
Um raio não aumenta o ibope
Nem o medo da tempestade
Desde o segundo em que algum ser de má vontade
Nos impõe regras.
“Não fique por baixo de árvores enquanto chove.”
Um sentimento não mata o futuro
Nem mesmo exala muito barulho.
O amor vale a pena
Até o dia em que sem razão, indagam:
“Você vai usar o coração? Pobre perdedor. Vai se afundar na lama do abismo.”
Um beijo não mata a inocência
Uma guerra não traz a paz de volta.
Uma saudade não é motivo o bastante
E, a lágrima as vezes se revolta.
Dirão que televisão faz mal
Que paixão é desigual
Que morte não espera a hora.
Mas, enquanto todos estavam silenciados
Era impossível distinguir o bem do mal.
Um homem era apenas um homem
E um sapato apenas um sapato. 
Nunca se sabe de nada,
Até que lhe digam
Quem é o dono da palavra.  
Uma chuva não é chuva
Antes da afirmação:
“Esta a chover!” 
Somente depois.
Por que depois, alguém disse,
E não há como contrariar.
… Mesmo com um sol de rachar o nariz. 
Tainá Manzoli. 06/11/2012

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Partida.


Fecharam-se as portas
Acabaram-se os afetos.
Tudo que engrandecia os olhos
Exalou-se numa lágrima.
A tristeza, vinda sem avisar
Sucumbiu a alegria,
Causando transtorno 
E uma melodia fraca, degradada.
Já fazem tempos desde quando
O último pássaro da paz 
Pousou na janela
Anunciando tua chegada tão bela.
Já fazem anos que teu canto
Encantando o pranto
Não é sentido com o peito.
Tudo tão sem jeito, me ocupa o tempo
E então, não me lembro mais da risada.
Sinto o vento esbarar na pele
Como se teus dedos desdobrassem meus cabelos
Sinto o som constante do sino
Como quando tua voz explodia em rimas.
Sinto muito.
A porta enguiçada não cala tua partida.
Seus sapatos sempre atrasados batiam-se contra o tapete
Disso não me esqueço.
Mas, que fazer quando o tempo não para
E a saudade encalha num dos lugares mais bonitos do coração?
Anjo perdido, sei o que digo
E após tanto frio e ressentimento…
Eu ainda o amo.
Tua partida matando minha vida
Ainda machuca como espinho no dedo.
Mas minha paz gritando, vibra destemida:
EU AINDA O AMO!
Tainá Manzoli. 04/11/2012

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Confusão de ri-mas.


Quem ri, rimas inferno com caderno, 
Eterno com modesto,
Flagelo com marmelo.
Quem rima, ri mais como um dia descoberto
Um sorriso moderno
E um inverno externo. 
Quem entende, estende seu pensamento a lugar nenhum
Chegando a uma conclusão incomum.
Quem ri, ri como uma rima risonha,
Quem rima, rima como um homem que sonha.
Quem não entende, fica relendo
Pensando em matar o autor deste verso.
Ri-mar…
Rir e amar, de frente ao mar
Num segundo onde o riso profundo
Vai além do fugaz.
Ria mais!
                         Tainá Manzoli. 1/11/2012

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