Archive for setembro 2012

Era uma vez.


Que dizer de um poema que começa com o dilema
Era uma vez? Que pensar quando a vida
Não é parecida com um filme inglês?
Era uma vez, uma casa de frente ao mar
Feita de barro e telhas a desabar.
Era uma vez, um rio vermelho
Que ardia aos olhos e jorrava cinzeiro.
Que dizer quando o verso não faz sentido
Tal como um velho com cara de bandido?
Quem ousará falar em outro tom
Que o amarelo não colore o sol?
Era uma vez um piano a falar japonês,
Um encanto a morrer no canto do olho chinês.
Foi-se o dia, quando o poeta cantava ao vento
Deixando no tempo suas marcas de eternidade.
Quem dirá que o verdadeiro monstro
Existe no topo de um sentimento?
Felizes daqueles que são solitários ou
Que possuem um tormento? 
Era uma vez uma planta xadrez,
Um gato que latia,
Um homem que progredia. 
Era uma vez uma rima sem nexo
Um espelho sem reflexo,
Um dia sem protesto.
Que fazer quando a vida não se encaixa em nenhum sinônimo?
Tainá Manzoli. 28/09/2012 

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Lágrima


Uma gota pingou sobre o assoalho
Saltou dos olhos, findou num lamento.
Um respingo frio derreteu sobre o peito
Morrendo sem jeito no calor da pulsação.
Como direi aos outros que
No calor de um silêncio profundo
O peito tristonho se pôs a desabar?
Uma lágrima caiu sobre o sapato
Deixando seu rastro e o tormento de um amor
Ofuscada como a lua, maldita como o açoite,
Massacrando a vida, interrompendo a noite.
Quanto aos seres, como entenderão
Que por falta de compreensão
Meu frágil coração se diluiu em águas mornas?
Algo estranho furou o instante
Dando tristeza ao dia brilhante.
Se parece com um choro envergonhado,
E agora, sou homem ou condenado?
Uma gota pingou no copo d’água,
Virou tempestade, calou a dignidade.
Que dirão ao saberem que um homem
Também chora por saudade? 
Tainá Manzoli. 26/09/2012

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Um breve poema.


Dos teus olhos fiz a rima de meu verso,
Contemplei o avesso, achei a gratidão.
Da tua face apreciei o traço
Que neste compasso, se fez a solidão.
Num súbito raio de desatenção, cavei um buraco fundo
Soterrei o mais puro amor de novela.
Perdi por entre becos e lares, a salvação da alma
O retrato da mulher que a muito se deve o respeito.
Do teu sabor fiz o mel que hoje embriaga o corpo,
Admirei o canto, flutuei sobre teu manto lustroso.
Deste aquarelar profundo, colori o riso que pertence a ti
Estampando ao fundo uma lágrima de amor.
Se choro não tenho muito a dizer,
Se digo não tenho muito a sentir.
Deste lago adocicado que são teus lábios, fiz o veneno devastador 
Logo digo que amo, logo penso que há algum engano.
Brevemente como a chuva que cai do infinito
Juro que teus braços são largos abrigos.
Dos teus calores fiz o momento,
Dos teus encantos, o sentimento. 
Amarrei-me em tuas garras,
Flutuei em tuas mãos
Neste emaranhado negro de vossos cabelos encontrei a ilusão.
Do segundo fiz o profundo…
Querida… afundei-me na ânsia do mundo…
Tainá Manzoli. 25/09/2012

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João.


João falou sobre esperança…
João calou-se, mostrando insegurança…
Seu olhar oblíquo, revelou o canto
Trazendo paz ao fim, verdade ao encanto.
João subiu a construção…
Secou o suor, falou com o coração…
Afogado em meio as rimas contraditórias
Fez-se invisível, safando-se da derrota.
João pensou alto…
Caiu em meio as estrelas robustas…
Exalou um suspiro, fechou os olhos, tapou os ouvidos
Silenciou a alma, fixou-se no abismo.
João cara de sabão ousou desrespeitar as leis,
Falou sem razão, deduziu sem entender
Coloriu o perdão, amanheceu solitário como cão no asfalto.
Pulsou poesia, porém, como tudo nesta vida, terminou no caixão.
João, homem calado, que amou com o peito e chorou como um pássaro. 
Ilógico, tal como peixe fora do aquário…
Bom perdedor,
Morto, frouxe e sonhador.
Aqui jaz… João… sem… coração.
Tainá Manzoli em ”Como as pessoas realmente são”. 25/09/2012

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Sob a lua.


Num súbito momento fez-se a poesia,
Emudeceu a sabedoria, caiu a estatística.
De repente, sem aviso prévio, floresceram os jardins, 
Acalmaram os loucos, fugiram os santos, cantaram os tolos.
Sob a lua, as teorias se tornaram falhas,
Os amigos, canalhas.
Subitamente apareceram algemas, prenderam a paz.
Sem nada a ser contestado, o peito clamou por socorro. Inválido.
Em meio segundo fez-se a guerra, acabou-se o verso
Cuspiu-se o medo. Afogaram o riso, óh desatino!
Inesperadamente, vendavais atingiram a mente,
Verdades acobertaram o indecente. Fugiram sem olhar para trás.
Ao lado, a escuridão clandestina que envolvia a vila
Transcrevia os olhares ao céu. Sensata, guiava palavras, furava risadas. 
Num súbito devaneio, calou-se o pulso, sangrou o nulo.
Sob a lua, homens ferozes morreram nas portas de suas próprias casas.
Ninguém viu, ninguém sentiu. 
Num súbito raio de luz, a escuridão deixou seus rastros no assoalho.
Não ouviram, omitiram. 
Foi tão rápido como o vento… Acabou-se o amor. Fim ao tempo desatento. 
Tainá Manzoli. 24/09/2012

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Ultima lágrima.


Com o peito ardendo em chamas,
Com a paz gritando igual criança,
Declaro: Meu olhos não pertencem mais a ti. 
Agora, judiado como flor de botequim -tal como você me deixou-
Sinto que, não seria justo dar lhe amor. 
Com o coração maltrato e dilacerado,
Com a mente frágil e pequena,
Digo: Eu ei de fugir, para um longe lugar onde o medo não tem vez.
Depois de ser jogado sobre as cinzas do teu inferno
Querida, voarei ao céu, cantarei longe, longe…
Deixarei em teus braços o segredo da felicidade
Deixarei em teus lábios o sabor de um amor.
Este homem há de servir para algo,
Este sofredor há de seguir outros passos. 
Caminharei sobre pedras, cairei sobre espinhos… vou sem ti.
Com o remorso exposto ao olhos,
Com a saudade envolta ao corpo, procuro ao longe um lar.
Aqui, sobre este verso, derramo minha ultima lágrima
Antes que sufocado eu morra dentro de suas breves mãos. 
Quando me sinto enorme nem mesmo as amarras são o bastante.
Partirei, voarei ao encontro dos mares
Saltarei sobre nuvens, ursos polares…
Não posso mais viver com os limites, sou do tamanho do sol.
Querida, beije está lágrima caída e esquecida…
Deixe-me abrir os olhos à eternidade! 
Tainá Manzoli. 12/09/2012

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Os vários tipos de pessoas.


Em qualquer lugar do mundo
Há pessoas pequenas, tais como poemas.
Escondidas, grandiosas, delicadas
Ousadas ou rebeldes.
Virando a esquina, subindo o morro, rodando a praça,
Brincando no parque, correndo na areia, dançando na rua.
Há pessoas bonitas, com o coração doce-doce,
Há pessoas cretinas, como palavras fora de hora. 
Em qualquer horário do dia,
Antes do sol nascer, depois da noite escura
Na hora exata entre o nascimento de uma criança e outra,
No momento errado depois de uma discussão tola.
Há pessoas de todas as cores… cheiros a todos os narizes…
Papos a todas as cabeças… silêncios aos que precisam.
Andando na rua, caindo no poço, falando com o cachorro,
Tropeçando na vida, sonhando alto demais. Há pessoas…
Algumas sabidas, que entendem muito sobre partidas,
Outras que apenas ocupam um lugar nas estatísticas do jornal.
Seres rimados, mimados, ousados, safados, canalhas…
Existem muitos. Poucos que são felizes, alguns até mal casados.
Em qualquer lugar do mundo…
Dentro do ônibus ou do lago.
Em cima do telhado, caído sobre o asfalto.
Os seres estão ai. Alguns que valem a pena, outros que silenciamos. 
Tainá Manzoli. 11/09/2012

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Desisti.


Soltei a amarra. Desabotoei as botas.
Sentei desleixado na cadeira. Desabei em versos.
Transformei a solidão em companhia. Viajei por dentro.
Pulei sobre o inferno. Tropecei em maças envenenadas. 
Desisti. Isso é o fim da picada.
Cuspi sobre cabeças alheias. Flutuei como um pássaro.
Dancei sem temer. Caí sem pedir.
Achei o segredo da felicidade. Queimei a fé existente.
Gargalhei como um infeliz. Olhei o mundo lá fora.
Desisti. Isso é o fim da piada.
Contei cento e vinte estrelas. Desenhei o sol no papel.
Pintei no chão um olhar. Me perdi na contramão.
Cortei amores vizinhos. Regei carinhos impossíveis.
Amei cores improváveis. Provei bebidas amargas.
Desisti. Isso é o fim da vida temporária.
Sonhei em possuir diamantes. Li sorrisos brilhantes.
Engoli o choro rude. Avistei uma casinha no morro.
Deitei debaixo de uma goiabeira. Deixei minhas marcas no solo.
Apaixonei-me em uma noite. Fugi no dia seguinte.
Desisti. Não me lembro o por quê.
Colhi verdades maduras. Neguei um aperto de mão.
Estudei o universo azul. Vi, bem ali, um cometa. 
Tranquei o coração. Aprisionei a ilusão.
Fiz mais que deveria. Devi mais do que podia.
Desisti. É, me lembro bem o por quê. 
Tainá Manzoli. 10/09/2012

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Todos um dia vão passar por isso.


A tristeza cai sobre os corpos
O interior finge sustentar a dor,
As águas da solidão jorram sobre o chão
Os pássaros não cantam mais na janela.
O dia, descontente e demorado
Não passa. Empaca apenas.
O céu coberto por estrelas se lamenta,
Depois do erro, o abandonamento.
Solitários e pequenos, nós desistimos.
Deixando a felicidade de lado
O mundo quadrado parece esmagar
Até mesmo os sonhos redondos.
O silêncio bate no peito,
Tristonhos não rendemos nem libertamos a mente.
Frágeis como petúnias, nos encostamos num canto qualquer
A espera de um milagre de novela. 
Esperamos tanto, tanto que aquietamos. 
A solução mudou o rumo, a moça da salvação também.
Com a garganta abarrotada, os sabores se misturam,
Aqui talvez um dia, todos nós padeceremos
Ao calor das noites públicas, ao amargo das próprias palavras nulas.
Tainá Manzoli. 10/09/2012

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Adivinha.


Se parece com um vulcão.
Se dá como lugar de solidão.
Abriga andantes, sem teto, fumantes,
Acolhe todos na sarjeta de seu coração.
Não me refiro a uma pessoa.
Não me refiro a um olhar.
Então, quem será? Quem será?
Se parece com um prédio sólido,
Não se move e não reclama.
Aguenta os insultos perdidos e
Serve de cama aos mendigos.
Não me refiro a uma música,
Não me refiro a um verso.
Então, quem será? Quem será?
Se faz de base aos pés cansados,
Não fala, não brinca de ser criança.
Sobre ela, existem coisas frágeis, 
Tal como pequenas gotas d’água.
Já sabe? Pois bem. 
Se não sabe, não me convém dizer agora ao fim deste poema. 
Reflita, porém não desista. 
A resposta se encontra perdida em algum lugar por ai… 
Tainá Manzoli. 05/09/2012

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A saudade.


O tempo passa,
A chuva alaga.
O peito arde,
O silêncio invade.
Pessoas flutuam sobre nuvens,
Lágrimas regam flores desnudas.
Furacões arrasam cidades,
E essa saudade, não passa não.
O vento agride,
O relógio progride.
A verdade esvai,
O homem distrai. 
Alarmes soam aos ouvidos,
Bandidos furam nossas confianças.
Dentro das casas, o medo habita,
E a saudade insiste. Não vai, nem bate na tua porta.
A vela queima,
O cão fareja. 
As melodias esgotam,
As rimas desdenham.
O perfume embriaga o peito,
A criança busca o afável.
O escritor critica o mundo,
A flor cai no lago.
E a saudade não passa.
Não cala, não vai.
Não volta, não preenche, não confessa.
Não amansa, não descansa e não me devolve a paz.
A saudade de tão grande, me faz de refém
Fere a carne, e deixa sem lar o meu amor, meu bem.
Tainá Manzoli. 04/09/2012

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Nesta noite.


Sob o brilho das estrelas quero te amar,
Te ter e te tocar,
Sob o suspirar da noite quero te tirar para dançar,
E subitamente ver os mistérios do seu olhar.


Deixe que o vento nos envolva em uma única melodia,
Cala tua vós, silencia tua alma feroz.
Sinta o ardor do veneno que escorre por entre os dedos,

Flutue sobre a paz que minha mente lhe proporciona. 

Sobre as flores caídas ao chão, lhe tiro para dançar
Neste instante, o medo se tornou sereno, a paz há de nos guiar.
Todos os fantasmas da noite foram dormir,
Ouça, em alto e bom som nossos corações se unirem.

Sob o brilho das tuas palavras ocultas
Vejo em teu olhar a resposta de todas as perguntas indecifráveis.
Nesta noite, neste frio que nos aquece, que nos estremece
Um único pensamento se ressalta: 
"Como a vida é bonita quando a última pétala arrancada da flor anuncia: Bem me quer nesta noite feliz."

Tainá Manzoli. 02/09/2012

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Help (socorro)!


Help, help, help
O céu está se despedaçando,
Estrelas estão caindo,
Crianças estão chorando.

Flores foram pisoteadas,
Mulheres estripadas.
Gigantes comem cérebros humanos,
Idosos morrem à beira de pianos.

Os olhos cansados do cotidiano,
Observam atentamente todos os danos.
Pupilas foram confundidas com pedras de brilhante,
Gritos se mantem soltos, constantemente.

O mais puro sangue, vermelho cor de fogo,
Vai-se penetrando por dentre o sufoco.
Help, help, help,
O medo, parece pouco.

Vendavais trazem a solidão para perto,
Pássaros flutuam sobre vales incertos.
Estamos perdidos dentre os monstros da nossa própria imaginação,
Acabamos perdendo tudo, e agora estamos presos a esta humilhação.

Salve a si mesmo, não caia neste tentação,
Não deixe que as sombras sejam seu maior meio de iluminação.
Triste é aquele que morre sem ter pedido perdão,
Aquele que mata seu próprio coração.

Help, help, help…
Eu conto até dez, e…
Não posso fugir.
O inferno é bem aqui, de baixo do meu nariz.

Tainá Manzoli

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